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O CAVALO VOADOR







Maria Tereza da Silva Sardinha
Num tempo em que não dá mais para se dizer em que tempo foi, de tanto tempo que já passou, aconteceu esta história lá no Reino do Encantamento.Num tempo em que não dá mais para se dizer em que tempo foi, de tanto tempo que já passou, aconteceu esta história lá no Reino do Encantamento.
Num tempo em que não dá mais para se dizer em que tempo foi, de tanto tempo que já passou, aconteceu esta história lá no Reino do Encantamento.
A história do Cavalo Voador aconteceu num tempo muito maravilhoso porque ainda existiam florestas encantadas, castelos, reis, rainhas, princesinhas, príncipes e bruxas muito malvadas.
Contam então que a Rainha do Reino do Encantamento teve uma linda princesinha que recebeu o nome de Raio de Luar, mas nem bem tinham terminados os festejos pelo seu nascimento, a Rainha adoeceu.
Adoeceu e morreu logo em seguida, cobrindo todo o reino de imensa tristeza.
Os súditos do reino, em grande comoção, choraram e se lamentaram durante muitos dias em frente ao castelo, com muita pena do Rei e da Princesinha que tão cedo ficara órfã.  
Mas o tempo passou e como o papel do tempo é este mesmo, ou seja,  fazer o tempo passar, com o próprio tempo a tristeza foi indo embora e as coisas começaram a voltar ao seu ritmo normal.
Para o Rei, entretanto, criando sozinho sua princesinha,  as coisas começaram a ficar muito difíceis e então ele resolveu casar-se novamente, e à Raio de Luar coube a triste sorte de ganhar uma madrasta muito má. 
A madrasta malvada, que por coincidência chamava-se Malvina, logo tratou de ter outros filhos com o Rei para que estes disputassem o carinho dele com sua primeira  filhinha. 
Raio de Luar era boa e pura e, por isso, sofria em silêncio com as maldades da madrasta e de seus meio-irmãos.
Quando o Rei percebia que alguma coisa estava errada com sua filhinha, a Rainha sempre conseguia convenc^-lo de que nem ela nem seus filhos tinham alguma culpa no que estava acontecendo, e o sofrimento da menina continuava.
O Rei sentia que sua filhinha não estava feliz, mas não conseguia fazer nada, e talvez por isso e por outros problemas que vinha enfrentando no seu reinado, um dia teve um mal súbito e morreu. 
A Rainha, tão logo se viu sozinha à frente do seu reinado, mandou trancar Raio de Luar numa das torres mais altas do castelo, onde ela recebia roupas simples, comida dos empregados e assistência apenas o suficiente para não morrer abandonada. 
O tempo passou, como sempre faz e sempre fez.
Raio de Luar já era agora uma menina de treze anos, muito boa, bonita e inteligente e, assim sendo, procurou se adaptar da melhor maneira possível à sua vida no cativeiro.  
Uma tarde, quando já fazia catorze anos que estava vivendo na torre, olhando da sacada de sua triste morada, avistou um cavalo negro de longas asas prateadas, que voava por sobre a floresta. 
Nem bem a princesa havia se refeito do susto de ver um cavalo voando, eis que o ser fantástico pousa na sacada onde ela se encontrava. 
Raio de Luar quis gritar e fugir, mas o cavalo olhou-a com um jeito tão doce e falou como se fosse um ser humano:
– Não se assuste, linda princesa, não quero lhe fazer mal! 
O espanto da princesa ficou maior ainda:
– Você fala! Voa e fala!
– Por favor, não fique tão assustada! Vamos ser amigos?
E, naquele momento, uma grande amizade nasceu entre os dois.
O Cavalo Voador aparecia sempre que não havia ninguém do castelo por perto e assim aquela amizade se mantinha no mais absoluto segredo.
Um ano se passou e agora Raio de Luar ia completar 15 anos.
Numa linda tarde de primavera, era justamente o dia do seu aniversário, o Cavalo Voador ficou muito sério e deitou sua cabeça no colo da menina.
A princesa começou a contar para o cavalo que era seu aniversário, porque uma criada havia lhe contado, mas ele disse a ela que já sabia e então lhe pediu que acariciasse a sua cabeça.
A princesa estranhou o pedido do amigo, mas logo começou a acariciar-lhe a cabeça quando então tomou outro susto: 
– Meu Deus! Tem um espinho enterrado na sua cabeça!
– Tire-o, por favor! –  o cavalo respondeu quase num grito.
Tão logo o espinho foi retirado, sem que uma gota de sangue sequer saísse da cabeça do cavalo, este se transformou num lindo rapaz que logo se identificou como um Príncipe que foi encantado há dezoito anos, por uma bruxa malvada. 
Contou então à Princesa que fora encantado assim que nasceu por uma bruxa que outrora fora uma princesa que queria muito casar-se com o Rei que era o pai dele.
Por não ter sido escolhida, para vingar-se, transformou-o num cavalo e o abandonou na floresta, onde nunca seus pais conseguiram encontrá-lo.
Disse então ter sido encontrado por uma Fada que, não podendo devolvê-lo à sua forma humana, passou a cuidar dele e, para amenizar o seu sofrimento, deu-lhe asas e concedeu-lhe o poder de voar.
No entanto, a Fada lhe havia assegurado que aquele encantamento duraria até que completasse dezoito anos, ocasião então que somente uma legítima princesa poderia desencantá-lo, antes da meia-noite do dia em que estivesse completando quinze anos.
O Príncipe disse então à Raio de Luar que sabia tudo sobre sua vida porque havia sido informado pela Fada madrinha.
Disse ainda estar muito revoltado com a Rainha Malvina e que pretendia dar a ela um castigo exemplar por todas as maldades que havia feito.
Desta vez, quem se assustou foi o Príncipe com a reação da Princesa:
– Não! Nada de castigos! Quero apenas retomar o trono e cuidar muito bem do meu povo e da minha madrasta. Como vou me sentir agindo tão mal quanto ela?
O jovem concordou com ela, completamente enfeitiçado pela sua beleza e sua bondade.
Algum tempo depois, o Príncipe, ajudado pelo exército de seu pai que ficou imensamente feliz por reencontrar seu filho desaparecido, ajudou Raio de Luar a recuperar o trono de seu pai, e a rainha arrependeu-se profundamente de tudo que havia feito à princesa, sua enteada, ao ser perdoada por ela, depois de todo o sofrimento que  havia lhe causado.
Os dois reinos se uniram numa festa grandiosa para comemorar o casamento da Princesa Raio de Luar com o Príncipe que agora descobriu chamar-se Frederico II.
E foram felizes para sempre, como manda toda linda história de fadas.

Fonte: http://www.planetinha.com.br