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CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS DE TRÊS ANOS E ESTRATÉGIAS PARA ESSA FASE.








Aos três anos, as crianças começam a ter consciência de quem são e aprendem a conviver em grupo, fazendo negociações, dando explicações sobre as coisas que fazem. Elas já tem muitas experiências: manipulam objetos, constroem coisas e falam o tempo todo sobre o que fazem ou pensam. É uma fase de intenso desenvolvimento da linguagem e de grande interesse pelas brincadeiras imaginárias, momento em que as crianças conversam com elas próprias: é comum que, ao fabricar uma bruxa gigante, na área de construção, as crianças comparem o tamanho dos blocos, avaliem e concluam: "este bloco é grande, não serve...  este é do mesmo tamanho". A fala da criança para ela mesma é um importante guia para o seu pensamento e condução de ação.

É necessário, então, aproveitar essa riqueza e e interesses e preparar o ambiente de modo que haja espaços para a ocorrência de brincadeiras imaginarias e a expressão da individualidade. Um espaço estruturado com mobiliário, brinquedos e materiais compatíveis com os temas das brincadeiras e enriquecido com a interação da professora proporciona maior qualidade ao brincar.

Em razão do desenvolvimento rápido da linguagem da criança é importante utilizar não só a fala, como também a escrita e as imagens para ampliar as narrativas. A conversa diária na área da imitação, os rabiscos e desenhos que fazem ao colocar a carta no correio ou escreverem a receita médica na área do médico, são brincadeiras capazes de integrar essas diferentes modalidades de linguagem: o brincar de fazer a consulta, conversar com a mãe para "escrever a receita, já mobilizam a fala e a escrita, que também é visual, pois o desenho ou o rabisco são formas visuais de expressar significados.

Essa fase de desenvolvimento intenso da linguagem requer um ambiente tranquilo, sem excesso de ruído, que possibilite a compreensão da fala da professora e das outras crianças, mesmo durante as brincadeiras movimentadas. Como as histórias são momentos prazerosos, as crianças, além de ouvir, querem também participar, por isso grandes agrupamentos não são adequados, por criarem maior volume de ruídos, exigindo  um maior controle por parte da professora e a obrigando a pedir silêncio constantemente para ser ouvida. Se, por exemplo, houver 15 crianças e 2 adultos, é melhor dividir o agrupamento, e cada professora contar histórias separadamente, dando assim maior oportunidade às crianças de participarem  com menor nível de ruído. Pode-se planejar momentos para um grande grupo e outros para pequenos grupos, em que exerçam atividades diferentes das que ocorrem  ao mesmo tempo, de modo a atender melhor às necessidades de cada pequeno agrupamento. Basta organizar o tempo, o espaço e os materiais e fazer a supervisão e as mediações. 

Além do acesso diário aos livros, que devem permanecer em áreas apropriadas para serem escolhidos e "lidos", as crianças devem ter a oportunidade de aproveitar o gosto que nessa idade possuem pela música.

Nessa fase, as crianças já dominam um bom repertório de canções infantis, dançam e acompanham a professora, o pai a mãe ou convidados que toquem violão, portanto, é essencial aproveitar essa forma de expressão das crianças. 

Brincadeiras no exterior, na areia, com água,  agora demandam a presença constante do adulto para fazer perguntas, de modo a levar a criança a pensar sobre suas ações e levantar hipóteses.

Também  nessa idades as crianças se interessam por pequenos animais, bichinhos, aves, borboletas, joaninhas, minhocas. Esse interesse pode propiciar conversações livres, criando moimentos de atividades dirigidas para aprender, junto com as outras crianças e a professora, por meio de reflexão e investigação sistemática. Este é o potencial do brincar  nessa fase da vida da criança; forma de expressão que, pela interação com a professora e as outras crianças amplia experiências e impulsiona novos estudos. Fazer minhocário, jardim, horta ou composteira são projetos que envolvem as crianças.

Meninos, meninas devem  ter a mesma oportunidade de brincar com tudo: carrinhos, bonecas, construção. Pessoas de outros grupos culturais, com seus materiais, brincadeiras e brinquedos contribuem para ampliar as experiências lúdicas das crianças.

Fonte: Manual de Orientação Pedagógica - módulo III